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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

controle

CL: Senhor Boulez, o que o senhor pensa sobre a música serial?

PB: Clarice, acho que é uma técnica entre outras. Hoje em dia, me parece ultrapassada. Mas à época, a outra, nos parecia verdadeiramente promissor o controle absoluto da linguagem musical.

CL: Que, ao final das contas, percebemos ser impossível...

PB: De fato, de fato. Mas veja bem, Clarice, a linguagem poderia sim ser controlada de modo relativamente (eis uma forte antítese, mas não um paradoxo a seguir) absoluto. Mas e quem controlaria o controle?, e é essa dúvida que nos levou ao abandono do sustentáculo representado pelo serialismo integral.

CL: E a técnica serial tomada como meio, não como fundamento?

PB: Válida como a máquina de escrever nos dias atuais. Ultrapassada, mas válida. Afinal, a materialidade do som das teclas, o rolar do papel para trocar de linha, o prazer de arrancar folhas escritas incorretamente e de fazer bolinhas de papel com raiva, com elas, a fita, tudo isso material talvez faça falta.

CL: Assim como...

PB: Assim como a investigação de uma escritora acerca do processo criativo e da história de um compositor. Faz falta este diálogo. E me falta perguntar o que no Brasil era tido como controle absoluto durante o Modernismo.

CL: Escrevo.

PB: Esfíngica. Entendo...

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