Para lembrar que a arte moderna é expressão, é preciso, eu preciso do recurso a uma etimologia barata, e nem por isso inocente: ex-pressão – esmagar o signo contra os signos, para fora da interioridade da percepção. É assim que, por exemplo, opera Manoel de Barros ao falar de suas coisas-sapo, coisas-lesma, coisas-lata, coisas-borboleta. É uma epifania que só existe no papel, que só pode existir no papel. É assim também com os surrealistas e com Monet, com Debussy e Messiaen, com Buñuel, e, arrisco, também com Blanchot: quando o signo se desliga, quando ele mostra-se exterior, puro exterior que é ausência dessa interioridade causal ou originária, então é que passa a existir essa materialidade inexistencialista.
Donde digo que a materialidade é, para os modernos, a questão central. Não a materialidade sensível, mas essa outra, Pura. Somente desligando o signo de sua origem é que essa materialidade pode existir. Somente quando as causas e as origens perdem a importância é que é possível um outro lugar para a arte, um deslocamento no sentido literal.
3 comentários:
conhece Teorias do Símbolo, do Tzvetan Todorov? beijo
conheço não. conta sobre, fiquei curioso.
recomendo. tem uma discussão que me lembrou bastante seu post. mesmo.
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